quinta-feira, 24 de abril de 2025

Hvar

Hvar, ilha da Dalmácia central, viu passar imensas civilizações e organizações politicas, desde as comunidades pré-históricas, há mais de 5000 anos, gregos (que deixaram uma forma de agricultura em parcelas ainda visível hoje em dia, considerada património da UNESCO), bizantinos, húngaro-croatas e venezianos, pós civilização romana, império austro-húngaro, ocupação francesa breve, por Napoleão, italianos e alemães durante a segunda guerra mundial, Jugoslávia e, atualmente, Croatas. 


Na verdade, uma mistura histórica de genes e que individualiza a paleta diversificada dos seus habitantes.

sábado, 22 de março de 2025

Coimbra tem mais encanto...


19 de março. Feriado em Santarém. Toda a família a trabalhar. O que fazer? Turismo, claro. Mas onde?

Em tempos tinhamos planeado uma ida de comboio a Coimbra. Plano nunca concretizado. Vai ser agora. O comboio foi posto de lado, por razões práticas e logísticas. Estando o kwh mais barato que o gasóleo e a A13 recentemente livre de portagens, o automóvel foi a opção. 

Viagem rápida e económica, com autoestrada desde que se sai de casa até que se entra em Coimbra. Bastante conveniente. Estacionamento em Santa Clara, junto ao basófias, na suaargem esquerda, onde o concessionario, a câmara municipal de Coimbra, só aceita pagamento em cash, como informou a senhora que, de dentro da barraquinha de madeira, vegetava  á espera de clientes. 

Início do percurso pedestre. Passagem da ponte de Santa Clara com a visão frontal da praça da portagem e da estátua de Joaquim António de Aguiar. Obras e mais obras. A estação de comboios central de Coimbra encontra-se tristemente devoluta. A ligação a Coimbra B faz-se de autocarro. Perdeu-se a mágica do transbordo viagem ferroviária (senhores passageiros, dentro de momentos chegaremos a Coimbra B. Coimbra B. Com ligação à estação de Coimbra). Subida para o planalto da universidade: da rua de Sofia para a porta/torre de Almedina, torre da Contenda, torre de Anto, sé velha e, no final da rua do Cabido, o museu Machado de Castro com as suas recentemente descobertas ruínas romanas, na sua base. Ficará para uma próxima visita, com mais tempo e possibilidade de atenção. Já no planalto universitário,  passagem pelo laboratório "chimico", sé nova, universidade de medicina onde, em tempos, visitámos o seu incrível museu onde se observavam, em frascos com formol, abortos e partes humanas bem conservadas. A entrada do edifício do departamento de matemática, na praça D. Dinis, apresenta coloridos e gigantescos  frescos de Almada Negreiros, assinados e datados de 1969, um dedicado à Matemática Portuguesa ao Serviço da Epopeia Nacional e outro à Matemática desde os Caldeus e Egípcios até aos nossos dias. A não perder. 

Descida para o jardim botânico. Criado no século XVIII por Marques de Pombal, espaço de interesse público com mais  de 10 hectares, numa das encostas de Coimbra, a ele se associam os famosos botânicos Brotero, na sua fase inicial, e o contemporâneo Jorge Paiva (tenho o prazer e orgulho de o ter  tido como professor há algumas dezenas de anos). Lar de espécies exóticas, estufas, fontenários com nenúfares, de árvores monumentais e da única "floresta de bambus" existente em Portugal. 

Regresso ao planalto e passagem pelo mediático e turístico Paço das Escolas, enorme pátio rodeado pela sala dos Capelos, palácio real, capela universitária e a famosa e peculiar capela Joanina (Joanina de João e não joaninha, como por vezes já ouvimos dizer). Pejado de turistas, asiáticos na sua grande maioria, organizados em grupos,  piamente seguidores de uma bandeirinha esvoaçante, elevada pelo diligente guia. Estratégico mirador para o rio Mondego e para as montanhas a sul da cidade das lindas tricanas. 

Descida pelas escadarias de Minerva novamente para as margens do rio. 

Hora de almoco. Regresso à curiosa e exótica experiência do Zé Manel dos Ossos. Estivemos aqui há 40 anos, ainda como tasca pouco conhecida e que os estudantes previligiavam pelos seus preços acessíveis.

Chegada às 12:15 horas. No Beco do Forno, estreita rua com menos de dois metros de largura, habitualmente escura mas agora ainda mais devido aos andaimes das obras próximas, já existia uma pequena fila com cerca de 10 pessoas. Só abrem às 12:30 horas. A fila foi engrossando e á hora de abertura já integrava mais do que o número de lugares que o pequeno e histórico restaurante suporta: cerca de 20. Fui o último a entrar. O que estava atrás de mim não entrou.  Sorte. O espaço exíguo (recordava-o pequeno mas não tanto), integrava 7 mesas individuais, ocupadas por uma, duas ou três pessoas. O espaço está separado por um balcão metálico que divide a cozinha aberta e a sala de refeições propriamente dita. Música de fundo: fados de Coimbra. Informei o Rui, presumo que filho do proprietário original, que não me importava que alguém se sentasse na mesa (incomoda o facto de uma boa massa de gente estar a aguardar á porta da tasca, à mercê de meteoros, que nesse dia estavam intensos (alerta laranja para vento e chuva), tendo respondido de forma exuberante mas alegre e simpática que não me preocupasse e que desfrutasse. E colocou o jarro de vinho na mesa. Branco, com ligeiro pico, acompanhado com pedaços de broa ainda quente. Preteridos os ossos, os cogumelos emporcalhados e a feijoada de javali (ficam para a próxima), a opção caiu sobre as costeletinhas com arroz de feijão. Para sobremesa, o delicioso vomitado de ovos moles com amêndoa.



Regresso a casa com o estômago e a vista satisfeitos, e as memórias refrescadas, em direção a sul e à tempestada Laurence que fazia das suas em Portugal continental.