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segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Lápis azul

A google, já há alguns anos, pela quantidade de comentários a monumentos, restaurantes, entidades e outros locais georreferenciados pela app, classificou-me como Guia Local.
A visita ao rio Cabr**, que originou o artigo anterior, foi, naquele âmbito, objeto de um comentário no googlemaps. Pela primeira vez e por um motivo imperceptível, fui censurado pela googlemaps por este ato. 
Presumindo que a rejeição tivesse sido pela palavra "Cabr**", que consta na base de dados geográfica do próprio googlemaps, recorri da decisão. Parti do princípio que, sendo o recurso analisado por alguém e não de forma automática, a incongruência fosse detetada. Mas nada: o recurso foi recusado sob a justificação de " interação falsa". 

No te entiendo...

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Mão morta, Giela e o erro

Eh pá. É hoje, dia 17. Os Mão Morta vão aos Arcos. Bora ver.


E depois de jantar lá fomos.  Local do concerto: Paço de Giela. Original casa-torre de arquitetura mediaval civil, foi construída no século XIV, entretanto arruinada, reconstruída pelo município e transformada em museu e local de eventos culturais.


Chegada ao Paço. Tudo escuro. Acessos fechados.
- Parece que nos enganámos. Ou anularam  o espetáculo. Mas não. Verificada a publicidade na internet confirmou-se que não havia qualquer referência a eventual cancelamento. Mas afinal poderia ser na casa das artes dos Arcos de Valdevez.
Mas afinal onde fica isso? 22 horas tudo fechado. 
- Vamos ali ao posto da GNR perguntar.
Um guarda, solicito, com mais de 2 metros, lá explicou como chegaríamos.
Depois de um percurso acelerado, uma ponte, várias passadeiras e escadarias,  chegámos ao local do evento. Ou ao local que pensávamos ser.
Um cartaz digital esclareceu todas as dúvidas : afinal uma falta de atenção, quiçá princípio de demência, fez trocar o dia de 17 de julho por... 17 de agosto...

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Ecovia do Vez

 Desta vez foi. Sem desculpa de mau tempo,  até porque a previsão era favorável, lá estávamos a caminho de Sistelo para iniciar pelo fim a ecovia do Vez. Mais de 20 km entre Sistelo e Arcos de Valdevez.

Pelas 11h a minha Presidente do Conselho deixou-me na aldeia, que nada ficava a dever a um dia 13 de maio em Fátima: engarrafamentos, grande densidade de visitantes, muita cor e agitação. 

E lá se iniciou o percurso serpenteante, ao longo do rio Vez, primeiro no troco de montante, mais cavado e com maiores declives, depois plano mas sem perder o ruído borbulhante da água que envolve e encharca a vegetação e os grandes barrocos polidos. 

Visitantes de todos os tipos percorrem o percurso bem sinalizado: os musculados e habituados a longas caminhadas por locais inóspitos e os autóctones e saloios, onde eu me incluía, que vão calcorrear os passadiços porque alguém lhes disse que valia a pena.

Foram 5 horas de intenso cansaço, facilmente compensado pelo prazer obtido das paisagens, da vegetação luxuriante e bem adaptada e animais mais ou menos selvagem. 


O crocitar da águia foi brutalmente interrompido por um grito de uma mulher, também passadiceira que dizia para o marido: óh carago, ainda falta muito para chegar ao Sistélo? As mines estão-se a acabar e já me doem os joanetes. 

Valha-me nossa Senhora, neste dia de Portugal.











sábado, 22 de abril de 2017

Crónicas de vacances II - Minho

Partimos para o Minho no inverno frio de 1989 transportando a natural e inocente arrogância  dos recém licenciados. Tínhamos como missão o levantamento de necessidades em infraestruturas, no âmbito agrícola e florestal, contactando para isso com autarcas, agricultores e dinamizadores locais do mundo rural.

O primeiro encontro foi com o ti Amorim, agricultor do vale do Lima, que nos recebeu pelas 8 da manhã na sua escura adega, com mesa posta com um delicioso presunto e um jarro com verde tinto, cepa americana, daquele que tinge a malga. A entrevista decorreu normalmente e, após cobarde desculpa para não bebermos àquela hora da manhã, o sr. Amorim deseja-nos "continuação de bom trabalho, senhores engenheiros, e cuidado com as curvas e com os 220. Sem dar o braço a torcer por não termos entendido o comentário, despedimo-nos, ainda com o sabor intenso do fumeiro.

Os seis meses do trabalho decorreram normalmente, aumentando os conhecimentos e diminuindo a tal arrogância. Visitamos os pouco conhecidos socalcos agrícolas do Sistelo,  as brandas e inverneiras, satisfizemos a pituitária e as glândulas salivares com bacalhau à minhota, rojões e sarrabulho, flirtamos com doces minhotas e conhecemos gentes que ainda hoje são importantes nas nossas vidas.

E quando do regresso não resistimos e questionamos o nosso colega minhoto: ó Vítor, diz-nos lá o que são os 220? Com um sorriso complacente tipo "estes-mouros-não-conhecem-o-verdadeiro-Portugal", explicou-nos que eram as comuns  juntas de bois que circulavam pelas perigosas estradas do vale do Lima: cada boi vale 110 contos, e a batida na carroça, por detrás, provoca o estrangulamento dos animais pela pressão efetuada pela canga. Uma situação aceitável num país ainda sofrendo do atraso provocado pelos 48 anos de obscurantismo e onde o sofrimento de alguns animais não apagava a vergonha de mais de 3000 mortos anuais nas estradas portuguesas.

Agora, de regresso à região, confirmo que a arrogância e a cobardia alcoólica desapareceram. ;-)

RN, 22abr2017