- Senhores passageiros. Vai sair da linha número 2 o comboio regional com destino a Castelo Branco, com paragem em todas as estações e apeadeiros.
Estação do Entroncamento. 7h45mn. Despida de passageiros devido à preguiça dominical e à pandemia, a composição inicia ruidosa e lentamente o seu percurso. desliza pela Linha da Beira Baixa, uma das mais cénicas de Portugal. O primeiro lanço, de Abrantes à estação da Covilhã, entrou ao serviço em 6 de setembro de 1891, tendo a linha sido concluída com a inauguração até à Guarda, em 11 de maio de 1893, há 128 anos portanto.
- Senhores passageiros: próxima paragem, apeadeiro da barragem de Belver. Uma indicação personalizada dado ser o único passageiro visível no comboio. Saída pelo cais sul, com acesso direto às instalações da estação; o cais norte é... a esplanada do restaurante da Lena. Uma ótima opção para caminhantes que se fiquem pela viagem de comboio... 😁
Depois de conversar com a D. Lena e com o filho fiquei a saber que o restaurante só funciona por marcações e tem como especialidade a lampreia (só na época dela). Estava chorosa a D Lena: fazia anos que o marido faleceu. Ficou combinado, numa próxima caminhada, um almocinho. Refeição completa a bom preço, com uma atençãozinha caso não peça fatura.A pequena rota 1, PR1, arribas do Tejo, circular, desenvolve -se pelas duas margens do Tejo, nos concelhos de Mação e Gavião. Inicia-se na praia fluvial de Ortiga, local balnear e de pesca desportiva, com as margens tingidas de branco pela invasora Zantedeschia aethiopica, o jarro ou o copo-de-leite como nome comum, muito apreciados pelas tradicionais donas de casa dos anos 60 e 70.
O percurso da margem norte, ou direita, apresenta desníveis suaves, exceto na fase inicial em que no extremo da ascensão se pode apreciar o troço do rio que vai da barragem de Belver até ao castelo com o mesmo nome e as arribas para o Tejo, que dão o nome ao trilho. Vários quilómetros sem ver vivalma e onde os sentidos se concentram na explosão de cores primaveris, cheiros e sons claros e cristalinos da passarada, insetos e rumorejar da folhagem.


Com a passagem da centenária ponte rodoviária sobre o Tejo, que sustenta a E244, começa o desassossego gerado pelos passageiros de múltiplas camionetas de turismo que têm como único objetivo transporem os escassos quilómetros de passadiço até à praia fluvial do Alamal. Apesar de, do troço de madeira, se observar uma paisagem fulgurante para Belver e o seu castelo, é de evitar este local, pelo menos ao fim de semana.
O troço final entre o Alamal e a barragem de Belver, pela margem sul, é uma autêntica montanha russa, vertical e horizontal, onde praticamente todo o percurso se desenvolve através de um agradável túnel vegetal que acompanha o rio Tejo a várias altitudes. A luxuriante, diversa e intensa vegetação, embora ainda a recuperar de recente incêndio rural, nada fica a dever à Laurissilva (desculpem-me a comparação, os colegas fitosociólogos puristas).
Foram cerca de 5 horas, 16 km palmilhados com alguma dificuldade e esforço. perfeitamente compensado pela bonita paisagem, pelo isolamento relaxante e pelo café e a conversa da D.Luisa..











