No meio século de vida, depois de palmilhar dezenas de praias em Portugal e noutros países, nunca tal me aconteceu.
Após chegada cedo à praia escolhemos o que nos pareceu um bom local a cerca de 20 m da linha de rebentação. Com o decorrer da manhã, a afluência de banhistas aumentou espantosamente: um casal com 3 crianças enérgicas que se alojou a 50 cm da minha toalha, um par de emigrantes cujo nível de sonoridade da conversa concorria com as músicas pimba transmitidas nos altifalantes das igrejas do Minho e um grupo de jovens do norte que recorria frequentemente a palavreado de fazer inveja ao Quim Barreiros, em comportamentos de pré-acasalamento, e outras centenas de portugueses e outros tantos estrangeiros ávidos de 1 cm de areia e alguns kJ de intensidade de raios solares.
Quando nos levantámos para arrefecer os corpos nas águas calmas do mar deparamo-nos então com a tal situação: pela primeira vez na minha vida tive de andar em sentido contrário ao mar para chegar até ele, percorrendo o dobro da distância mais curta, caso não existisse aquele muro de pernas, chapéus, toalhas, cadeiras e vendedoras de bolas com creme de massa de alfarroba.
Que saudades das boas e extensas praias da Costa da Caparica dos anos 70 e 80, do km 30 na estrada para Benguela e nas praias de águas cálidas junto ao farol norte da cidade da Beira.
Exponho-vos uma conclusão que tirei há muito tempo e que vem ainda mais reforçada com este acontecimento: Algarve só no inverno.
Até para a semana. :-)
RN, 22abr2017