MEMÓRIAS DE VIAGENS Uma adaptação do verso de Fernando Pessoa, cantado por Caetano Veloso, acompanhando algumas viagens encantadas.
terça-feira, 15 de agosto de 2023
CABRĀO
quarta-feira, 3 de maio de 2023
A Rosinha e os políticos carentes de modéstia
terça-feira, 11 de abril de 2023
ABBA - o grupo de várias gerações
segunda-feira, 10 de abril de 2023
A pequena sereia. Ponto de encontro de gerações
sexta-feira, 20 de janeiro de 2023
Como encontrar voos baratos – Tudo que precisas de saber - artigo
terça-feira, 6 de dezembro de 2022
De revisita a Praga
De revisita a Praga!! A cidade onde aprendi a beber cerveja, na primeira visita, no início dos anos 90 do século passado e após uma tentativa de a visitar, alguns anos antes, gorada pela guarda fronteiriça checa, na fronteira com a Polónia, que não nos emitiu o visto devido à hora tardia.
Considerada uma das mais bonitas cidades da europa, reúne os três fatores essenciais para figurar no top 10: um castelo/palácio num ponto alto, um rio delimitador e orografia ondulada e suave (as mesmas características da nossa bela Lisboa). Acrescento a esta valoração o custo de vida muito semelhante ao de Portugal e uma rede de transportes públicos fenomenal.
A cidade é dividida pelo rio Moldava. Para uma estada curta, a visita de uma margem num dia e da outra noutro pode ser uma opção. Na margem esquerda, a poente, localiza-se a zona alta, com o castelo, um polvilhado de igrejas e o monte onde está implantada a torre Petrin, debruçada sobre a parte nascente, a margem direita do rio, com declives suaves e com a parte mais antiga da cidade. A ligar as margens, várias pontes de distintas classes etárias facilitam a vida ao visitante sendo que, uma delas, a ponte Carlos, reservada a peões, nos períodos de maior atividade turística é dificilmente observável do interior tal o emaranhado de uma trupe de turistas cosmopolitas que se expressam em linguagens estranhas e exóticas, e de vendedores de serviços e souvenirs que aqueles mesmos turistas cercam.
Os transportes públicos são de uma eficácia impressionante, com uma rede bem conectada e permanente de metro, elétricos e autocarros. E comboios para vencer maiores distâncias, fora da cidade. Com o telemóvel, através de uma aplicação própria, conseguimos a proeza de comprar, armazenar e validar o título de transporte. A mesma aplicação diz-nos, com recurso ao GPS do telemóvel, em que paragem estamos, quais os próximos autocarros que a ela chegarão, a que horas, com precisão ao minuto, e qual o que deveremos apanhar para o destino pretendido.
Boa comida. Destaco o gulash, com as suas diferentes versões e acompanhamentos, sendo o mais frequente e típico o pão: umas fatias de um pão muito mal cozido, se é que o foi, que permitem absorver a deliciosa “molhenga” daquele refogado de carne à base de pimento, bastante condimentado. O queijo frito é também uma especialidade muito apreciada pelos autóctones e turistas. E como acompanhante, sempre, sempre, sempre, a deliciosa e cremosa cerveja checa, branca, preta, com sabor único e consistência cremosa, pouco gasosa e quase ao nível da famosa Guiness.
Mesmo com pouco contato os funcionários do comércio e
restauração nota-se algo que desagrada: a pouca simpatia e afastamento emotivo
permanente daquela gente. Longe do português afável, pronto a ajudar e mesmo,
por vezes, um pouco intrometido. Não se entende que um país que tem no setor
turismo, pontualmente, uma importante entrada de divisas permita esta situação,
sendo certo, contudo, que também se encontram pessoas prestáveis e simpáticas.
Uma cidade a visitar, calma, embora pacificamente invadida
pelos turistas. Bastante diferente da anterior visita, com a Checoslováquia ainda
integrando o Pacto de Varsóvia, em que as únicas multidões eram aquelas de que
fugimos algumas vezes e que formavam uma onda instigada pela polícia, num
movimento que mais tarde se convencionou chamar a revolução de veludo. Uma
cidade a 3 horas e meia de voo de Portugal, que não deixa vazios os bolsos dos portugueses
e enche de prazer e êxtase o turista sequioso de novas sensações.
Guia prático
Orientação: o rio
é a referência. Caso se percam, a procura pelo rio serve de bússola, tal como a
zona alta com o castelo e a torre Petrin. Mapas da cidade são fornecidos nos hotéis
e postos de turismo, caso não optem pela tecnologia do GoogleMaps
Transportes: uma
rede de transportes fascinante e eficaz. A chave está aqui: https://pid.cz/en/. Descarreguem a app para o telemóvel
e ficam com uma varinha mágica do transporte público. Bilhetes para 30, 90
minutos, a pouco mais de 1 euro, e também de 24 e 72 horas. As viagens de e para
o aeroporto incluem-se nesta rede urbana.
Alimentação: boa comida tal como acima já explicado. Deixo como
referência dois restaurantes com comida típica e preços relativamente
acessíveis para um normal turista luso:
(1) Lokál U Bílé kuželky https://lokal-ubilekuzelky.ambi.cz/en/
, no caminho entre a
ponte Carlos e a zona alta da cidade, oferece um menu variado com as
especialidades habituais. Salas distribuídas por dois pisos, sendo um deles cave,
estilo adega, com tetos em arco e baixos;
O que visitar?
Numa qualquer cidade europeia, os locais a visitar dependem muito dos
interesses do visitante. Por isso é sempre aconselhável a aquisição de um guia,
em papel ou digital, que permita um planeamento atempado da visita. Conselho:
Lonelyplanet Praga: https://www.lonelyplanet.com/czech-republic/prague
Pagamentos e
levantamentos: a Chéquia não integra a zona euro. Utiliza a coroa checa
pelo que a troca de moeda ou o levantamento em caixas automáticas locais impõe-se.
No entanto o pagamento eletrónico é uma possibilidade generalizada pelo que, na
prática, poderemos passar alguns dias na cidade sem ter uma cora sequer no
bolso. Os levantamentos com cartões de débito da maior parte dos bancos portuguese,
na rede Visa e MasterCard (a rede Multibanco não funciona, naturalmente), são
presenteados com taxas fixas e variáveis que desincentivam a sua utilização. Os
pagamentos em terminais cobram somente taxas variáveis, uma percentagem do
consumo total. A solução para evitar um desfalque significativo é a abertura de
uma conta Revolut ou Wise. Possuo a primeira e não quero
outra coisa. Abertura de conta e sua manutenção sem quaisquer encargos (nalguns
casos cobram somente o custo da elaboração do cartão físico), sem taxas coletadas
pela instituição nos levantamentos ou pagamentos, sendo contudo necessário
verificar se o banco onde se faz o levantamento cobra, por sua iniciativa,
alguma taxa. Os pagamentos em terminais da rede Visa ou MasterCard não estão
sujeitos a taxas, fixas ou percentuais, sendo de assinalar somente uma taxa de
câmbio de fim de semana de 1%, no caso da transação se realizar aos sábados ou
domingos (eventualmente feriados). https://www.revolut.com/
Comunicações: por
ser um país da União Europeia, o sistema de comunicações em roaming não é um problema. As condições
de utilização contratualizadas para comunicações em Portugal adaptam-se também à
Republica Checa, voz e dados, ou seja, se possuirmos por exemplo um pacote MEO
com telemóvel com chamadas ilimitadas e dados, a utilização naquele país é como
se estivéssemos em Portugal. No entanto uma chamada para outro país que não
Portugal ou Chéquia é cobrada como comunicação internacional. O plafond de dados móveis (acesso à
Internet) é o mesmo que possuímos em Portugal. Portanto, e na prática, nem nos apercebemos
que estamos a utilizar o telemóvel num país estrangeiro.
Praga, dezembro de 2022
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
A Flauta de Deus
Cabisbaixo, doente, nervoso mas atento, o espetador da primeira fila, Wolfgang, trauteava a melodia caótica libertada pelos músicos presentes no fosso da orquestra. O recentemente inaugurado teatro de Praga, Stavovské divadlo, estreava a jovem peça de Amadeus que viu a luz do dia em Viena em 1791.O teatro estava cheio.
O grande candelabro exalava um cheiro intenso a estearina das centenas de velas que tremeluziam os 3 níveis de balcões e os seus ocupantes. Na inexistência deste odor e do aroma de saquinhos com ervas cheirosas transportados debaixo das roupas dos aristocratas, o cheiro na sala de espetaculos seria insuportável. A distribuição do público pelo teatro relacionava-se com a classe social, inversamente proporcional ao piso ocupado. O fru-fru da seda dos vestidos das senhoras a roçar as poltronas e o burburinho indiciador de trocas de ideias malaciosas entre os audientes, esbateram-se com o início do primeiro ato. Num enredo sinuoso, Tamino, o príncipe, contracenava com Pamina, a filha da rainha da rainha da noite, entre as pantominices do caçador de pássaros, Papaguino. A ária da rainha da noite, imponente mas simultaneamente alegre e solta, fez com que, no final, o público exaltasse da sua satisfação e prazer. Mozart na primeira fila, atento ao desempenho dos atores, tomava notas freneticamente que iram servir certamente para tornar ainda melhorar a ópera Flauta Mágica. Morreu naquele mesmo ano da graça de Deus de 1791.
Um casal de americanos tentava passar para uma cadeira da mesma linha da 1° galeria.
Estávamos no mesmo teatro 230 anos depois da imaginária cena a ima relatada (imaginária porque estávamos no seculo XXI e porque a estreia da Flauta Mágica em Praga não contou com a presença do compositor devido á sua morte prematura). Um dos mais antigos teatros da europa e com espetáculos ininterruptos desde a sua construção . No entanto a ópera era a mesma. O penúltimo drama musicado pelo conhecido génio.
Sentados na primeira galeria, um lugar lateral do quarto andar, comprado online 15 dias antes de entre 3 ou 4 disponíveis, a atenção distribuía-se por três palcos: o palco propriamente dito e a razão principal daquela sala de espetáculos, o fosso da orquestra e o espaço por onde se distribuía a assistência, desde a plateia até à segunda galeria, um vertiginoso quinto andar.
O palco, pouco largo, prolongava-se por uma profundidade maior que o comprimento da plateia o que permitia a criação de cenas sobrepostas e com grande perspetiva. Sobre o palco, um recurso multimedia ausente no tempo de Mozart, em que o alemão imperava, permitia legendar para checo e inglês a fria, autoritária e incompreensível língua germânica.
No exíguo espaço confinado pelo pelo palco e pelas muralhas laterais, a orquestra, dominada pelos instrumentos de corda e sopro, marcava o compasso aos atores e figurantes.
A plateia e restantes setores por onde se distribuíam as centenas de melómanos despertavam, pelas peculiaridade e diversidade, uma atenção muito especial: o casal no camarote de fronte, ela sentada, ele em pé durante as quase 3 horas de espetáculo, alternando o olhar entre o palco e o espelho presente na parede do seu cubículo; a criança que, com pouco mais de 10 anos, assistia comovida e embevecida, sozinha, ao deambular ritmado e melódico do barítono e da soprano; e o casal de americanos das cadeiras contíguas que, sonolentos, lânguidos e desatentos , desertaram no final do primeiro ato sem assistirem à alegre e musical união de facto entre Papaguino e Papaguina.
Como refere o texto de apresentação da obra, os autores da ópera Flauta Mágica , música genial de Wolfgang Amadeus Mozart e libreto do seu amigo Schikaneder, vieram da tradição da antiga ópera mágica vienense, na qual, ao lado de personagens do mundo humano, atuavam várias criaturas e animais de contos de fadas, bem articulados com os efeitos da maquinaria cénica.
No final, este cenário feérico estendeu-se para o exterior do teatro com um manto de neve que cobriu de paz as ruas e árvores da cidade de Praga.
A Flauta Mágica, flauta de Deus.
-
A 3km de minha casa, no limite de uma pequena povoação rural, nasceu recentemente um restaurante indiano. Há bem poucos anos, e...
-
Quem se recorda do antigo farol de Cacilhas? Elegante e esbelto, mostrava-se á aldeia dos asininos e á alba Lisboa, e salvaguardava em perm...
-
O decuriäo Caius Lupus entrou no castrum de Aquis Querquennis pela entrada poente cansado, sujo e ferido. A tarefa de proteção dos trabalhad...