sábado, 22 de abril de 2017

Crónicas de vacances II - Minho

Partimos para o Minho no inverno frio de 1989 transportando a natural e inocente arrogância  dos recém licenciados. Tínhamos como missão o levantamento de necessidades em infraestruturas, no âmbito agrícola e florestal, contactando para isso com autarcas, agricultores e dinamizadores locais do mundo rural.

O primeiro encontro foi com o ti Amorim, agricultor do vale do Lima, que nos recebeu pelas 8 da manhã na sua escura adega, com mesa posta com um delicioso presunto e um jarro com verde tinto, cepa americana, daquele que tinge a malga. A entrevista decorreu normalmente e, após cobarde desculpa para não bebermos àquela hora da manhã, o sr. Amorim deseja-nos "continuação de bom trabalho, senhores engenheiros, e cuidado com as curvas e com os 220. Sem dar o braço a torcer por não termos entendido o comentário, despedimo-nos, ainda com o sabor intenso do fumeiro.

Os seis meses do trabalho decorreram normalmente, aumentando os conhecimentos e diminuindo a tal arrogância. Visitamos os pouco conhecidos socalcos agrícolas do Sistelo,  as brandas e inverneiras, satisfizemos a pituitária e as glândulas salivares com bacalhau à minhota, rojões e sarrabulho, flirtamos com doces minhotas e conhecemos gentes que ainda hoje são importantes nas nossas vidas.

E quando do regresso não resistimos e questionamos o nosso colega minhoto: ó Vítor, diz-nos lá o que são os 220? Com um sorriso complacente tipo "estes-mouros-não-conhecem-o-verdadeiro-Portugal", explicou-nos que eram as comuns  juntas de bois que circulavam pelas perigosas estradas do vale do Lima: cada boi vale 110 contos, e a batida na carroça, por detrás, provoca o estrangulamento dos animais pela pressão efetuada pela canga. Uma situação aceitável num país ainda sofrendo do atraso provocado pelos 48 anos de obscurantismo e onde o sofrimento de alguns animais não apagava a vergonha de mais de 3000 mortos anuais nas estradas portuguesas.

Agora, de regresso à região, confirmo que a arrogância e a cobardia alcoólica desapareceram. ;-)

RN, 22abr2017






Cópias em Copenhaga

 



50 anos depois, a Sofia substituiu a Avó  na fotografia. 😊


RN, 22abr2017

Praia da Rocha

 



No meio século de vida, depois de palmilhar dezenas de praias em Portugal e noutros países, nunca tal me aconteceu.

Após chegada cedo à praia escolhemos o que nos pareceu um bom local a cerca de 20 m da linha de rebentação. Com o decorrer da manhã, a afluência de banhistas aumentou espantosamente: um casal com 3 crianças enérgicas que se alojou a 50 cm da minha toalha, um par de emigrantes cujo nível de sonoridade da conversa concorria com as músicas pimba transmitidas nos altifalantes das igrejas do Minho e um grupo de jovens do norte que recorria frequentemente a palavreado de fazer inveja ao Quim Barreiros, em comportamentos de pré-acasalamento, e outras centenas de portugueses e outros tantos estrangeiros ávidos de 1 cm de areia e alguns kJ de intensidade de raios solares.

Quando nos levantámos para arrefecer os corpos nas águas calmas do mar deparamo-nos então com a tal situação: pela primeira vez na minha vida tive de andar em sentido contrário ao mar para chegar até ele, percorrendo o dobro da distância mais curta, caso não existisse aquele muro de pernas, chapéus, toalhas, cadeiras e vendedoras de bolas com creme de massa de alfarroba.

Que saudades das boas e extensas praias da Costa da Caparica dos anos 70 e 80, do km 30 na estrada para Benguela e nas praias de águas cálidas junto ao farol norte da cidade da Beira.

Exponho-vos uma conclusão que tirei há muito tempo e que vem ainda mais reforçada com este acontecimento: Algarve só no inverno.

Até para a semana. :-)

RN, 22abr2017

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Domingo de Páscoa - crónicas de vacances


Domingo de Páscoa. Alto Minho. 7 horas da manhã. Da madrugada, dado ser domingo.

Quem alguma vez acordou por estas terras verdejantes, neste período, já teve por certo esta sensação: despertar estremunhado pensando estar num cenário de guerra, com os estrondo dos obuses a ecoar dentro dos quartos.

Nada mais do que fogo de artifício que, com pouca arte, sobe a algumas dezenas de metros de altura e se desfaz num ruído ensurdecedor mas que afaga o ego das habitantes daquela aldeia. Onde existe perto uma fábrica daquela indústria que sustenta famílias inteiras mas que também lhes ceifa a vida.

É dia de festa, de desjejum, missas, vestidos coloridos, perfumes comprados em lojas de chineses, de doces, automóveis franceses e andorrenhos, mas também um dia de muita devoção, tradição e alegria.

Agora a aldeia de Gandra lança o seu fogo ensurdecedor, depois o Outeiro, com muito morteiro, a seguir Santa Cruz, cujo fogo demorou mais de 15 mm. Não posso deixar de comparar esta insistência e intermitência no  lançamento de foguetes, por aldeia, com a demarcação territorial efetuada pelos nossos amigos canídeos.

"Tocam os sinos na torre da igreja, há rosmaninho e alecrim pelo chão, na nossa aldeia, que Deus a proteja, vai passando a procissão." E o padre, de casa em casa, com a cruz em riste, dá a bênção a todos os presentes.

É deste Minho que eu gosto. 😀




RN, 22abr2017


terça-feira, 4 de junho de 2013

Terminaram funções...




"Terminaram ontem, com a publicação da nova lei de bases da ANPC, funções o comando distrital de operações de socorro de Santarém. Sendo justo reconhecer o trabalho dos 3 elementos que durante vários anos mudaram para melhor a Protecção Civil Distrital, quero aqui expressar publicamente o meu agrado por ter trabalhado com eles. À Lurdes Fonseca, adjunta de comando, uma mulher a trabalhar num mundo de homens que se soube impor pelo seu trabalho. Sempre disponível soube estar sempre do lado da solução e nunca do lado do problema. Ao Rui Natário, 2º comandante, um profissional que já conhecia anteriormente dos tempos das comissões de defesa da floresta contra incêndios e que apesar de não ser bombeiro se integrou nesta área na perfeição. Homem dedicado e competente é com certeza das pessoas que mais sabe de floresta na vertente da PC em Portugal. Ao comandante Joaquim Chambel, alguém que conheço há mais de uma década, um dos melhores operacionais que Portugal tem nesta área. Contam-se pelos dedos o número de pessoas com a sua capacidade de organização, conhecimentos práticos e teóricos. É sem sombra de dúvidas uma pessoa à frente do seu tempo. Quantas não são as inovações é métodos de trabalho implementadas em Santarém que depois são copiadas por outros Distritos. Os bombeiros, os outros agentes de Protecção Civil e a população em geral devem estar agradecidas pelo seu trabalho. Numa época em que o reconhecimento do mérito é algo raro, não ficava bem com a minha consciência se não o escrevesse estas linhas. Obrigado pelo vosso trabalho e desejo-vos as maiores felicidades."

Pedro Ribeiro
Presidente da Câmara Municipal de Almeirim
4jun2013

sábado, 8 de dezembro de 2012

As ilhas do cães (e não dos canários como se pensa)

Andei a pesquisar preços e hipóteses de viagens para Tenerife. Constatei uma discrepância tremenda entre as formas de pesquisa e os valores propostos: desde muitos milhares de euros para nós os 4 (2 adultos e duas adolescentes) até... 125 euros por pessoa.

Sim!! 125 euros para cada um de nós os quatro, incluindo alojamento em apartamento, viagem (com bagagem de porão :-)) de avião a partir da cidade do Porto e viatura de aluguer. Tudo isto para 4 noites e quase 5 dias.

Viagem e viatura contratualizados através do site da Ryanair.
Aparthotel contratualizado através da agência de viagens virtual logitravel.pt

É preciso é procurar, pesquisar, insistir... E aqui vamos nós.  :-) E afinal avançámos para Tenerife.

Com partida do Porto, em voo direto da Ryanair, aterramos 2,30 horas após no aeroporto de Tenerife Sul, numa zona de aparência desértica.

O apartotel, acolhedor, junto à praia (que não existe; só costa rochosa), esperava por nós, sem receção de baratas, como dizem ser comum naquela ilha (tal como na Madeira).

Vejam o video resumo para abrir o apetite.

Por cerca de 500 euros, 4 pessoas passaram 5 dias nessa maravilhosa ilha, tendo à sua disposição várias opções: descanso, praia, piscina, caminhada, montanhismo, gastronomia, ...