MEMÓRIAS DE VIAGENS Uma adaptação do verso de Fernando Pessoa, cantado por Caetano Veloso, acompanhando algumas viagens encantadas.
sábado, 3 de julho de 2021
Dia 1 - 2jul2021 - sexta - Ponte de Lima - Rubiães - 18km
domingo, 6 de junho de 2021
Andar pelo mar
segunda-feira, 17 de maio de 2021
PR1 - arribas do Tejo
- Senhores passageiros. Vai sair da linha número 2 o comboio regional com destino a Castelo Branco, com paragem em todas as estações e apeadeiros.
Estação do Entroncamento. 7h45mn. Despida de passageiros devido à preguiça dominical e à pandemia, a composição inicia ruidosa e lentamente o seu percurso. desliza pela Linha da Beira Baixa, uma das mais cénicas de Portugal. O primeiro lanço, de Abrantes à estação da Covilhã, entrou ao serviço em 6 de setembro de 1891, tendo a linha sido concluída com a inauguração até à Guarda, em 11 de maio de 1893, há 128 anos portanto.A pequena rota 1, PR1, arribas do Tejo, circular, desenvolve -se pelas duas margens do Tejo, nos concelhos de Mação e Gavião. Inicia-se na praia fluvial de Ortiga, local balnear e de pesca desportiva, com as margens tingidas de branco pela invasora Zantedeschia aethiopica, o jarro ou o copo-de-leite como nome comum, muito apreciados pelas tradicionais donas de casa dos anos 60 e 70.
O percurso da margem norte, ou direita, apresenta desníveis suaves, exceto na fase inicial em que no extremo da ascensão se pode apreciar o troço do rio que vai da barragem de Belver até ao castelo com o mesmo nome e as arribas para o Tejo, que dão o nome ao trilho. Vários quilómetros sem ver vivalma e onde os sentidos se concentram na explosão de cores primaveris, cheiros e sons claros e cristalinos da passarada, insetos e rumorejar da folhagem.
Com a passagem da centenária ponte rodoviária sobre o Tejo, que sustenta a E244, começa o desassossego gerado pelos passageiros de múltiplas camionetas de turismo que têm como único objetivo transporem os escassos quilómetros de passadiço até à praia fluvial do Alamal. Apesar de, do troço de madeira, se observar uma paisagem fulgurante para Belver e o seu castelo, é de evitar este local, pelo menos ao fim de semana.
O troço final entre o Alamal e a barragem de Belver, pela margem sul, é uma autêntica montanha russa, vertical e horizontal, onde praticamente todo o percurso se desenvolve através de um agradável túnel vegetal que acompanha o rio Tejo a várias altitudes. A luxuriante, diversa e intensa vegetação, embora ainda a recuperar de recente incêndio rural, nada fica a dever à Laurissilva (desculpem-me a comparação, os colegas fitosociólogos puristas).
Foram cerca de 5 horas, 16 km palmilhados com alguma dificuldade e esforço. perfeitamente compensado pela bonita paisagem, pelo isolamento relaxante e pelo café e a conversa da D.Luisa..
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Asterix poliglota
domingo, 3 de janeiro de 2021
Encontros ao longo do trilho de Jans - Nisa
- Olá, bom dia. É para visitar o Castelo?
- Quando quiser é só dizer. Eu abro-lhe a porta.
Informando-o de qual era o meu objetivo, entregou-me diligentemente cartografia do local e orientou no sentido do início do percurso pedestre de Amieira do Tejo.
Até que, no início da abrupta descida para o rio, protegida por uma confortável e salvadora escadaria em madeira, surge, entre o nevoeiro esfarrapado, o maravilhoso e profundo vale do Tejo, com a barragem do Fratel unindo as suas margens, e a linha de comboio, rio abaixo e rio acima, de braço dado com o leito do rio mais extenso da península ibérica.
E o percurso continuou, sempre acompanhado do rumorejar das águas revoltas, dos saltos dos riachos em pequenas cascatas que se fundiam com o Tejo, do piar da diversificada e irreconhecível passarada e do voar atabalhoada das garças.
Chegada à margem oposta de Barca da Amieira, local de transposição do curso de água com recurso a uma barca moderna e motorizada, verificou-se estar esta inoperacional devido aos mais de 430 m3/s golfados pela barragem. Barca da Amieira foi em tempos o local de passagem do corpo da rainha santa Isabel, falecida em Estremoz e sepultada na famosa igreja de Coimbra.
- Claro que sim. É sempre em frente, pelo caminho de terra batida - informou sorridente um trabalhador da quinta depois de lhe ter perguntado, timidamente, se podia passar.
Para trás ficava a deslumbrante paisagem pastoral do vale do Tejo.
Antes de entrar no troço alcatroado, surgiram dois pontos saltitantes que desciam encosta abaixo, por entre a vegetação esparsa e a transbordar de clorofila. Com a aproximação apercebi-me serem duas raposas, com suas causas farfalhudas, que, alegremente, à medida que avançavam, se desafiavam e mordiscavam.
Percurso terminado mas não concluído: em abril será retomado e repetido, recorrendo então ao comboio até à estação de Barca da Amieira- Envendos e posterior passagem do concelho de Mação para o de Nisa utilizando o denominado transbordador. E vai haver certamente uma paragem, pela hora do almoço, na associação recreativa onde, com mais calma, poderemos certamente saborear uma bifana e um copo de três, quiçá acompanhado pelo tal habitante de Amieira do Tejo.
Estão convidados.
RN, 3jan2021
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
O périplo raiano
Depois de centenas de passagens pela A23 e na EN paralela, e olhar à distância, cobiçoso, para o monte monolítico, decidimos hoje inspecioná-lo. A terra usufruída pelo Zeca Afonso e pelo Fernando Namora, que se estende desde a atual povoação ao castelo altaneiro, algumas boas centenas de metros acima, vale mesmo a pena a visita, agora com turistas qb e que não causam nódoa na imaculada paisagem.
Visitem Monsanto, o de Idanha.quarta-feira, 10 de junho de 2020
Ecovia do Vez
Pelas 11h a minha Presidente do Conselho deixou-me na aldeia, que nada ficava a dever a um dia 13 de maio em Fátima: engarrafamentos, grande densidade de visitantes, muita cor e agitação.
E lá se iniciou o percurso serpenteante, ao longo do rio Vez, primeiro no troco de montante, mais cavado e com maiores declives, depois plano mas sem perder o ruído borbulhante da água que envolve e encharca a vegetação e os grandes barrocos polidos.
Visitantes de todos os tipos percorrem o percurso bem sinalizado: os musculados e habituados a longas caminhadas por locais inóspitos e os autóctones e saloios, onde eu me incluía, que vão calcorrear os passadiços porque alguém lhes disse que valia a pena.
Foram 5 horas de intenso cansaço, facilmente compensado pelo prazer obtido das paisagens, da vegetação luxuriante e bem adaptada e animais mais ou menos selvagem.O crocitar da águia foi brutalmente interrompido por um grito de uma mulher, também passadiceira que dizia para o marido: óh carago, ainda falta muito para chegar ao Sistélo? As mines estão-se a acabar e já me doem os joanetes.
Valha-me nossa Senhora, neste dia de Portugal.
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