Saída às 7horas de Rubiães, depois de um pequeno almoço bem guarnecido fornecido pelo Albergue. Grande parte dos alojados já tinha partido. Ficaram só para trás os peregrinos provenientes da Suíça e do Brasil.
O percurso continua, sinuoso, bem delineado e marcado, transpondo linhas de água com recurso a obras romanas e medievais. E sempre com o apoio dos autóctones, simpático, por vezes rotineiro: "Bom Caminho".
Primeira paragem : São Bento da Porta Aberta. Não a do Gerês. Mais um carimbo para a caderneta. E um café e um rissol de camarão (o café substituiu, por vergonha social, a malguinha de verde tinto 😁).
Desde esse local, o percurso descendente segue pela encosta norte da serra minhota, em direção ao caudaloso rio Minho. O Caminho está muito bem traçado, gerido, sinalizado e possui troços ainda com o pavimento original, de granito, bem polido pelas solas dos intemporais caminhantes.
Vegetação luxuriante, verdejante, que com a sua sombra cerrada e o chilrear da passarada, acompanha permanentemente os caminhantes. Neste cenário estamos à espera que, numa volta do caminho, surja um poderoso romano artilhado com o seu gládio e a armadura de couro.
Já às portas de Valença passa por mim a caminhante suíça. Com a cadência que imprimia ao passo, certamente que não parou no café do rissol e muito menos saboreu o tinto verde, daquele que suja a malga e retarda o ritmo.
Chegada a Valença, a 117km de Santiago.
Ao longo de todo o percurso, muitos restaurantes oferecem e publicitam o menu do peregrino. Subentender-se que é uma opção mais económica, em detrimento da variedade de escolha, pode ser um engano. Devem os caminhantes ficar alerta: em Valença encontrei um menu do peregrino por 11 euros (opções de prato principal nada de especial), enquanto numa rua perpendicular e já fora da rota, um menu geral, rico e completo, podia ser degustado, numa magnífica esplanada, por um valor significativamente inferior. Pouco católico, aquele comerciante. 😄
A estação de camionagem, onde me deveria informar dos horários de regresso a Ponte Lima, é um edifício fantasma, encerrado, devoluto, sem informação aos viajantes. Questionei um motorista do expresso de Santiago acabado de chegar.
- Camioneta para Ponte de Lima? Pois, não sei. Talvez até nem haja hoje, que é sábado, e ainda por cima com a Covid... A informação na Internet era carente e inconclusiva. O serviço de camionetas e aquelas instalações não dão uma boa impressão a quam visita Valença.
Mais uma vez o comboio venceu o autocarro, não para Ponte de Lima mas sim para Viana, onde a Lourdes me esperava. Passagem obrigatória no Natário, pelas suas maravilhosas bolas (!!!!) e pelos seus deliciosos doces de gila.
Consideremos este percurso, Ponte de Lima - Valença, com cerca de 37 km, um aperitivo para os restantes 120 km, totalmente em território espanhol, previstos para a última quinzena de agosto. Porque o caminho português de Santiago não tem significado se for totalmente efetuado em território espanhol.
Até lá e buon camino!!