Lembro-me que as reações mais marcantes durante a visita aos campos de concentração de Aushwitz-Birknau, há já 25 anos, foram a angústia e a incompreensão. Como foi possível tanta frieza e desprezo pela vida humana, concentrados em espaços exíguos que tornavam a dimensão daquele inferno ainda maior?
Realizámos o exato percurso que os prisioneiros faziam pelos alegados chuveiros para desinfeção, que na realidade eram câmaras de gaz, e que terminavam nos fornos crematórios, alinhados em bateria, prontos a consumir carne humana ainda quente. Todos nós que ficamos nervosos com insignificantes idas ao dentista ou a frequentar um exame de faculdade, não conseguimos sequer imaginar o que passaria pela cabeça dos condenados a este martírio. Velhos, jovens, crianças, humilhados e torturados, gaseados e transformados em cinza pelo simples facto de possuírem uma crença religiosa diferente, por serem ciganos, soviéticos, fracos para o trabalho físico, homossexuais ou por não apresentarem traços arianos puros.Ontem regressei aquele local. Com mais duas décadas de calejamento pela idade e o reconhecimento prévio da zona, levaram-me a pensar que seria uma simples visita a um museu, agora na companhia da família. Enganei-me. A angústia, a incompreensão, o enjoo regressaram. E enquanto tal acontecer aos mais de 2 milhões de visitantes anuais deste campo de extermínio, estaremos a contribuir para que holocaustos semelhantes não voltem a ocorrer.
MEMÓRIAS DE VIAGENS Uma adaptação do verso de Fernando Pessoa, cantado por Caetano Veloso, acompanhando algumas viagens encantadas.
segunda-feira, 9 de abril de 2018
De visita a Auchwktz - Birknau
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa
sábado, 22 de abril de 2017
Crónicas de vacances II - Minho
Partimos para o Minho no inverno frio de 1989 transportando a natural e inocente arrogância dos recém licenciados. Tínhamos como missão o levantamento de necessidades em infraestruturas, no âmbito agrícola e florestal, contactando para isso com autarcas, agricultores e dinamizadores locais do mundo rural.
Praia da Rocha
No meio século de vida, depois de palmilhar dezenas de praias em Portugal e noutros países, nunca tal me aconteceu.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Domingo de Páscoa - crónicas de vacances
RN, 22abr2017
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