Alguns anos depois e poucos após a viagem cancelada devido à COVID, regressámos a Marrocos.
Nova rota da Ryanair. Lisboa - Tânger veio substituir a anterior, Lisboa - Fés, entretanto terminada.
Chegámos pelas 23:30 de 3 de abril d 2024 ao pequeno aeroporto da cidade magrebina. Placa com dois aviões e despacho fronteiriço rápido eficiente.
Reservamos com o hotel o transfer por taxista por eles acionado e, naturalmente, com preço previamente definido. Nenhuma placa com o nosso nome à chegada. O taxista, sem qualquer remorso e um sorriso nos lábios, chegou 1 hora e meia depois do combinado. Chegámos à nossa querida e bem amada África. 😊
Reservámos desta vez um bom hotel, embora com preço compatível com o custo de vida do país. Pestana hotels em Portugal é sinónimo de qualidade e conforto. Chegar ao quarto depois da 1 da manhã e não ter toalhas para um banho reconfortante não pontuou. Depois de várias insistências, lá nos entregaram 1 toalha e 1 robe. A responsável pelo equipamento estava ausente mas no dia seguinte, logo de manhã, os apetrechos requeridos seriam entregues.
Manhã seguinte e nada. Só quando regressamos da visita á cidade, no final do dia, é que finalmente conseguimos as almejadas toalhas. Pessoal sempre simpático e colaborante mas o acesso ao armazém das toalhas não era de todo a função deles. 🙂
Tânger. Cidade por onde passaram vários Estados conquistadores entre os quais Portugal. Cosmopolita. Conversas em árabe, espanhol, francês e inglês são habituais, mas a densidade de turistas é bastante inferior á de Marraquexe.
Urbe simpática e com algum dimensão. Medina em zona alta, mais aberta do que as congéneres de Casablanca ou Marraquexe, anteriormente protegida pelas muralhas do casbah e da cidade.
Kebdani. Ótimo restaurante localizado no interior da medina, bem decorado e aromático, onde o empregado, por cada abordagem aos clientes ou entrega de pratos repetia um simpático e desdentado "soyez bien venues".
No final da tarde decidimo-nos aproximar da costa norte, um pouco mais longe do centro da cidade, junto aos túmulos fenicios, local de passeio de tangerinos (será mesmo este o termo?), que se sentavam nas bordas das sepulturas abertas na pedra, com as pernas para o interior, a ver o mar, o trânsito dos barcos de pesca e a costa espanhola.
Parámos no restaurante/café Haffa, onde os empregados transportam em armações metálicas os aromáticos chás de menta, em bateria, pelos vários socalcos do anfiteatro pleno de mesas e cadeiras, inclinados sobre o mar policromático e onde os ruidosos marroquinos descansam os corpos e as mentes das agruras da semana. Ao longe as colunas de Hércules onde o décimo trabalho foi cumprido.
Visita a Chefchaouen. Pequena vila no interior do Rife, a pouco mais de 100 km ao sul de Tânger, deve o seu nome às palavras "olhas para os picos das montanhas". Chefchaouen. Chaouen para os amigos. A cidade azul.
Ocupada inicialmente por árabes, mouriscos e judeus, nos idos anos de 1400 e tal, foi um ótimo local para esconder pessoas dos problemas gerados pelas conquistas e sociedades da altura. E de lá realizavam incursões para desestabilizar os portugueses que recentemente tinham conquistado Ceuta.
Vila com muito turismo de cidadãos marroquinos. Encastrada entre as montanhas do RIfe e um aberto vale a poente, obriga o visitante a permanente esforço de subida ou descida das suas íngremes ruas.
Através de um site de passeios culturais, integrámos a visita guiada de Ali, um marroquino-espanhol de farta barba e cabelo comprido, nascido naquela montanhosa região. Com ele aprendemos que na medina só devemos utilizar as "callas" e não "callejons" porque estas não têm saída; que as portas das casas cuja parte superior se desenvolve em arco, dão acesso a várias casas de diversas famílias enquanto se for linear correspondem a um única família; e que a cor azul turquesa das paredes, característica da vila, umas mais intensas e outras menos, deve-se tão só á inclusão de um corante á cal trazida pelos mouriscos de terras andaluzes.
Sentados numa esplanada da praça Ibe El Hamman, a fazer tempo para a partida do CTM de regresso a Tânger, observamos maravilhados o cenário montanhoso, recortado pelo perfil das muralhas, casario e mesquitas, acompanhado por músicas e danças marroquinas. Apetecia ficar ali para sempre.
Preparar o regresso a Portugal não sem antes provar outras variedades de Tajine e Couscous, bolos típicos e chamuças. A viagem para o aeroporto foi de autocarro. Um autocarro cuja paragem mais perto do aeroporto fica a mais de 2 km. Mais perto só de táxi. A diferença de lreco está entre 50 cêntimos e 20 euros, está última hipóteses no grand táxi.
Adeus Marrocos e até breve.
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